COVID-19
Muitas têm sido as opiniões vindas dos mais variados quadrantes que tenho ouvido nos diversos órgãos de informação, sendo muitas até divergentes, o que nos tem aumentado as dúvidas e, possivelmente a outras pessoas.
Neste contexto e, tentando ficar mais esclarecido, com menos dúvidas ou até mais confuso sobre a pandemia, julguei de interesse e oportuno solicitar a opinião ou maneira de ver de um estudante do 5º. ano de medicina (o Antigo Aluno Salesiano, André Buinho), uma vez que estando com muita teoria, mas ainda com falta de prática, o que se lhes oferecia dizer sobre uma epidemia que poucos conhecem na sua plenitude.
Por isso colocámos diversas perguntas, desde o que é o Covid-19, a sua gravidade em relação às gripes dos outros anos, distanciamentos aconselhados, restrições, uso de máscaras e cumprimento de cotoveladas entre outras perguntas que julgámos de maior interesse, como se a ciência e o vírus são como o gato e o rato.
Como resposta recebemos o e-mail que transcrevemos:
1- COVID-19 trata-se de uma infecção causada por um vírus, o novo coronavírus. Diz-se novo coronavírus por se tratar de um novo vírus de uma família de vírus já prèviamente conhecida, a coronaviridae.
2 - Um dos sintomas conhecidos deste vírus é a capacidade de causar uma pneumonia (a tal chamada gripe de maior gravidade) mas não se sabe ao certo se o vírus se limita a causar uma pneumonia ou se afecta outras partes do nosso organismo. Muito sobre este vírus ainda não é conhecido.
3 - Sim, houve a gripe dos outros anos. A gripe sasonal que temos observado todos os anos na altura do Outono e Inverno e causada por um vírus diferente, o vírus da influenza. Não se pode julgar os vírus sobre o qual é mais ou menos perigoso. O vírus da influenza causou a infame gripe espanhola no início do século XX que dizimou milhões de pessoas a uma escala global ( é certo que a medicina não era de longe o que é hoje). Resumindo: é um vírus perigoso especialmente para populações de risco (os idosos, imunosuprimidos, com outras comorbilidades) e que é bastante mais contagioso e mortal que a influenza que temos observado nas últimas décadas. Sendo mais contagioso, é um vírus mais resistente que é capaz de sobreviver dias nas superfícies onde se encontra. Dos estudos que se fez pensa-se ser mais resistente ao frio que ao calor.
4 - A ciência desenvolve-se no sentido de combater os organismos à medida que estes vão surgindo. Não seria viável tentar prever o aparecimento de novos vírus, bactérias. fungos e desenvolver curas para os mesmos, devido à imprevisibilidade de mutação destes organismos.
5 - A vacina não elimina o vírus, concede-nos imunidade ao vírus. O vírus poderá continuar a existir na natureza mas as pessoas que têm imunidade ao vírus não serão vítimas das suas manifestações clínicas. O equilíbrio sem a vacina seria alcançado se entre 60 a 70 % da população fosse infectada com este vírus. O problema aqui seria não só as elevadas mortes nos grupos de riscos mas também o facto de se ficamos verdadeiramente imunes ao vírus, uma vez que surgem novos casos de reinfecção em pessoas que já teriam sido diagnosticadas com COVID-19. Será devido a uma mutação de vírus? Será por o vírus ficar dormente no nosso organismo (tal como o HIV) e não ser pròpriamente eliminado pelo nosso corpo? ou será erro humano e falsos positivos nos testes para o COVID-19? São várias incertezas para as quais ainda não há resposta.
6 - Numa primeira fase o objectivo será tratar o vírus com medicamentos já existentes. Até ao momento está-se a estabelecer ensaios clínicos para perceber a eficácia de certos medicamentos como é o caso do Remdesivir e da hydroxycloroquina.
7 - Lavar as mãos com sabão. Isso é o mais importante. Não existe um consenso sobre a distância recomendada, mas diria que pelo menos 5 metros de outra pessoa. Cumprimentar com cotovelada não tem utilidade nenhuma porque se quebra a barreira dos 4 ou 5 metros de distância recomendada. As vitaminas têm objectivo de fortalecer o nosso sistema imunitário. Não evita o contágio mas poderá ter uma utilidade a combater o vírus já depois deste se encontrar no nosso sistema. O uso de máscara é recomendado, desde que a pessoa saiba usá-la em condições. As pessoas formadas na área da saúde sabem ou deveriam saber como usar a máscara, mas a população em geral pode ter dificuldades nesta matéria. Levar as mãos à cara depois de ajeitar a máscara, o constante pôr e tirar a máscara, são tudo manobras perigosas que podem contribuir para o contágio.
8 - Questões económicas tem que ser discutidas, uma vez que a quarentena faz parar a economia o que iria ter repercussões graves na vida de todos. O aumento do desemprego é uma realidade assustadora que terá que ser posta em consideração no tomar de decisões. Não me cabe a mim dizer qual se deve sobrepor a outra, mas sim encontrar um equilíbrio harmonioso em que a economia possa funcionar a meio gás sem comprometer o bom funcionamento dos serviços de saúde. A diminuição de restrições deverá ser feita de modo gradual. Os serviços com mais importância e que não tenham riscos elevados de contágio deveriam ser os primeiros a abrir e, obviamente, que cebeleireiros e manifestações têm um elevado risco de contágio para além de não serem fulcrais para o bom funcionamento do nosso País.
9 - A China torna-se mais uma vez o palco de uma infecção perigosa que se espalha a escala mundial. Medidas têm que ser tomadas de modo a evitar que isto ocorra novamente. E quando ocorrer uma nova doença que se espalhe a escala mundial, medidas de contenção têm que ser tomadas mais cedo (nomeadamente fechar aeroportos e fronteiras).
A. Buinho
ARMANDO RIBEIRO
